// Gente Feliz Com Lágrimas (2002)

Estreia | 13 de Dezembro na Quinta do Bando, Vale de Barris
Texto | "Gente Feliz com Lágrimas”, de João de Melo

Dramaturgia e Encenação João Brites | Oralidade Teresa Lima | Corporalidade Luca Aprea | Concepção do Espaço Cénico João Brites | Cenografia, Adereços e Figurinos Clara Bento e Joana Simões | Montagem e Operação de Iluminação Luís Fernandes | Construção Leonel & Bicho, Lda ( Serralharia) ;  Rogério Paulo e Conceição Mendes (Carpintaria) | Coordenação Geral Natércia Campos | Produção Executiva André Pato | Relações Internacionais Raúl Atalaia | Divulgação Maria João Sequeira | Tesouraria Cristina Sanches | Design Gráfico Ana Albuquerque | Fotografia Lia Costa Carvalho

Com | Nélson Monforte e Sara de Castro
E se... voltássemos atrás? Um relógio marca as horas contrárias. Um espelho reflecte a memória passada. Um ninho acolhe os recém nascidos. O indivíduo é ele próprio mais outros - vozes múltiplas dentro de um único rosto. São estas as metáforas dramatúrgicas de João Brites em "Gente Feliz com Lágrimas”, de João de Melo, numa simbologia ao viver num mundo de (des)encontros e fragmentação. 

(sinopse do espectáculo)


Nuno: Posso ter estado aqui sentado desde o início, ou numa falésia, ou na primeira página de um livro. Sei que a realidade não pertence ao artifício nem ao logro nem à fantasia. Estar aqui, agora, significa a anulação desse jogo.
Marta: E agora, amor, morres tu, morro eu, chega-nos também o destino absurdo dos barcos. Não pertenço mais à irremediável condição das mulheres que põem a mão em pala por cima dos olhos e ficam tempos a espiar o mar. 
Nuno: Não há verdade possível neste regresso à Ilha: estive nela e em todos os barcos. Amei-a num sorriso e num sonho, pelos seus poetas e cantores. 
Marta: Entre dois actos de amor, a mulher pousa as mãos no corpo suado do homem e diz: Vem buscar-me e leva-me contigo para sempre. 
Nuno: E o homem diz: não é possível?
Marta: Então Vive-me mesmo aqui, amor, no espaço que vai de uma ilha a outra ilha, onde me chamarás por quantos nomes possam ocorrer-te.
Nuno: Lua, Água, Garça e sobretudo Marta!
Marta: E eu serei sempre
Marta: E eu serei sempre o misterioso, o inconfundível cheiro da água e das ribeiras da tua infância, e o hálito do trevo e o sorriso húmido e superior deste sal.
Nuno: E eu onde descrevi a ruína e a sombra destas paredes, erguerei janelas que se abrirão para o sol da manhã.