// Os Vivos (2007)

Estreia 19 de Julho em Montemor-O-Novo
Co-produção Teatro O Bando / CITEMOR
Texto Jacinto Lucas Pires

Encenação João Brites | Espaço Cénico João Brites e Rui Francisco | Oralidade Teresa Lima | Figurinos e Adereços Clara Bento | Assistente encenação Sara de Castro | Técnicos emergentes João Cachulo, João Chico e Heitor Alves | Desenho de Luz João Cachulo | Desenho de Som Heitor Alves | Agradecimentos Equipa do Citemor, Teatro Estúdio Fontenova

Com Ana Freitas, Dinis Machado, Filipe Carvalho, Inês Rosado, João Garcia Miguel e Paula Só
"Os Vivos” surge na sequência do espectáculo "Luto Clandestino", de Jacinto Lucas Pires, que estreou nas ruas de Palmela em 2006, num cenário urbano e habitado. Uma co-produção com a FIAR, associação cultural e o patrocínio da Câmara Municipal de Palmela.

Em "Os Vivos", parte-se da ideia que o "Luto Clandestino" será o primeiro acto de um texto maior, onde se vão juntar mais personagens. As ideias são as da culpa e do desejo, da imaginação e da memória, de estar vivo e de não estar. Há um luto mal resolvido, há a vontade de o resolver. Há uma mulher de meia-idade, que é mãe, há um jovem, que é namorado, e agora haverá também um marido, uma empregada e uma morta.

Esta criação, que estreou em residência de criação e co-produção no Festival CITEMOR, desponta de um trabalho de continuidade com o autor, mas possuindo agora uma nova dimensão, mais alargada.

(sinopse do espectáculo)


Marta: Todos têm uma história, diz-se, e esta é a – deles. Os mortos não têm histórias. Não lhes é permitido esse… está-lhes vedado. Hã. Começo a perder a dominança das palavras como podem ver-ver. A linguagem revolve-se e falha-se-me. As palavras anteriores digo-as tão-sempre correctinhas porque atirei-me a adecorá-las no livro. Ah não, que eu agora caminho tempo-todo com este meu livro-cabeceira. Senão, podem crer, sim, era brutamontes impossível. Hã. Estou cansada e mais sem espírito. Mas só ainda por enquanto no entanto não me esvaio, porque tenho de aguardar a ordem dos acontecimentos. Só me posso bazar os pés daqui andor ao-quando das coisas estarem inteiramente ordenadas-colocadas-concretizadas. Estou Marta-morta mas não sou parva. Só me posso, por dizer assim, evacuar ao-quando da história se revelar mesmo vera arrumadinha.

Sandra: Estás aqui.

Marta: Sandra.

Sandra: Nem sabes o que é que aconteceu. Uma coisa terrível, a pior coisa, nem podes imaginar.