// Rumor Clandestino (2007)

Estreia | 27 de Março na Praça José Fontana, Lisboa
A propósito de Agostinho da Silva
Texto Fernando Dacosta
Encenação Gonçalo Amorim e João Brites | Interpretação Nicolas Brites e Suzana Branco | Oralidade Teresa Lima | Corporalidade Vânia Rovisco | Figurinos e Adereços Clara Bento | Assistente de Encenação Sara de Castro | Desenho de Som Heitor Alves | Produção João Chicó | Relações Públicas e Divulgação Hugo Sousa | Assistente Estagiária Raquel Belchior | Gestão Raul Atalaia | Tesouraria Cristina Sanches | Público Escolar Lia Nogueira | Acolhimento Manuela Mena | Caseiro Isaac Reis | Cozinha Luminita Ileana Oprea
Com Nicolas Brites e Suzana Branco
"É preciso encostar o ouvido à terra para lhe ouvir os rumores”

Assinalando o centenário do nascimento de Agostinho da Silva, o Teatro o bando decidiu trabalhar sobre as ideias, pensamentos e utopias desta figura central da nossa cultura.
RUMOR CLANDESTINO é o segundo espectáculo de uma série que o bando está a construir, baseado numa ideia nova de teatro de rua. Através de uma tecnologia de auriculares, o público acompanha o discurso das personagens, acentuado assim, a sua clandestinidade. Sem as preocupações habituais das peças de teatro, este espectáculo move-se livremente, sem limites que possam opor actores e espectadores. É de um encontro que se trata, não fosse o cenário a paisagem urbana, os locais do nosso quotidiano. 
Em RUMOR, um homem e uma mulher destacam-se do burburinho dos carros, das vozes, dos sons da rua. Ele acaba de chegar. Ela partirá em breve. Desse encontro, participado por todos os que passam, ouvimos as suas confissões, e nas suas palavras distinguimos a voz sub-versora de Agostinho, anunciando a passagem para uma nova era, a era do lazer.
Duas personagens que se cruzam, em nome de quem as observa… Dos que se questionam perante a injustiça e dos que dela se sustentam. Dos que procuram uma saída para si próprios, em vão, e dos que, em vão, tentam entrar num mundo onde imaginam ter lugar.

(sinopse do espectáculo)


As personagens de um encontro clandestino

Rumor Clandestino surge de um encontro aguardado entre a Carochinha e o Lucky man .

Uma mulher está. Um homem aparece.
A tangente...não há margem onde aportar... Encontro que se inscreve em círculo, no espaço e dentro de cada intenção... quero e não quero, posso e não posso, sou e não sou...pensamentos à solta enquanto se traça a impossibilidade do destino...há pessoas que não são vocacionadas para a vida...até quando poderemos existir na clandestinidade de um rumor ...?

Ela - Carochinha, sentencia-se por uma vida preenchida de lutas fracassadas, de um vazio emocional, carregando sobre o próprio corpo um cancro que não lhe pertence. 
Trabalhei, expus-me, não consegui nada, fiquei onde estava...
Anuncia a própria morte como quem desfaz o último pão do dia. E desfazendo-o revela-nos a audácia de quem destrói o absoluto, depois do cansaço de uma viagem sem partida desejada. É a inutilidade de Sisífo ao querer a conquista do que não lhe é determinado pelo destino. 
É o que resta aos destruídos: servirem de degraus para os eleitos...
Mas é a morte, no fim de contas, um fim de tarde sereno, que apenas nos distancia da realidade que conhecemos, e que nos aproxima de regressos ansiados.
Posso fazer-te um pedido?...
Ele – The lucky man. O homem a quem tudo corria de feição, é agora um homem de sorte. A diferença traça-se nesta oportunidade de voltar ao ponto de partida, de começar de novo
...há lugares que são pontos mágicos de partida, de mudança...
apenas porque se acredita na diferença entre interpretar uma vida, e criá-la com as próprias mãos, seguindo ao sabor dos sonhos, da vontade... do tempo.
Acreditando num mundo melhor para todos, sustentado pela igualdade e justiça, The Lucky man partirá para onde lhe seja possível construir um futuro 
Em que a comida e a liberdade sejam para todos, o poder pertença aos justos...