// ADOECER (2017)

texto a partir do romance de HÉLIA CORREIA dramaturgia e encenação MIGUEL JESUS
cenografia RUI FRANCISCO música JORGE SALGUEIRO figurinos e adereços CLARA BENTO e SARA RODRIGUES
assistência de encenação JOÃO NECA desenho de luz JOÃO CACHULO / CONTRAPESO 
produção RAQUEL BELCHIOR assistência de produção NISA ELIZIÁRIO

com CATARINA CÂMARA, MIGUEL MOREIRA, SARA DE CASTRO e os convidados especiais ANTÓNIA TERRINHA / JULIANA PINHO, BIBI GOMES / RAUL ATALAIA, CAROLINA BETTENCOURT / RITA BRITO, NÉLSON BOGGIO / GUILHERME NORONHA, NUNO NUNES, PAULO CAMPOS DOS REIS / JOÃO NECA, RICARDO SOARES / MIGUEL JESUS e RUI M SILVA
músicos CARLOS LOURENÇO, EURICO CARDOSO e NÉLSON FERREIRA (ao vivo) e BIZARRA LOCOMOTIVA (gravado)
m/14

criação TEATRO O BANDO em co-produção com CENTRO CULTURAL DE BELÉM
5 a 15 OUT
qui a sáb, 21h > dom, 17h
Vale dos Barris, Palmela

BILHETE para o ESPECTÁCULO: 8, 10 ou 12 € à escolha do espectador
Grupos de 10 ou + pessoas: 7€

JANTAR de inspiração vitoriana
para grupos de 5 ou + pessoas + ESPECTÁCULO: 15€ [reserva obrigatória]

Para reservas e bilheteira contacte 912 438 817 / bilheteira@obando.pt
Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente.
[Jiddu Krishnamurti]

A partir do romance de Hélia Correia, mergulhamos na vida de Elizabeth Siddal, a modelo, pintora e poetisa que intrigou a sociedade inglesa vitoriana com a estranheza da sua relação amorosa com o pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti, na segunda metade do século XIX.
No meio desse universo pré-rafaelita (Siddal foi a modelo que serviu o célebre quadro de John Millais, Ofélia), encontramos Dante e Lizzie, movimentando uma tela contra os espartilhos do tempo. Num abrigo de chá e sujidade, celebram as mais inevitáveis pulsões, criando por palavras e pinturas um mundo onde se pode fugir ao mundo. Um mundo onde seres excepcionalmente assépticos gravitam, iluminando a pestilência.
Um mundo onde abutres necrófilos se alimentam da singularidade. Um mundo manipulado por bonecos epidémicos. Um mundo onde aquilo que os liberta é também aquilo que os afoga, os afunda e os condena.


Se não fosse a dança | HÉLIA CORREIA
Se alguém pusesse nisto outra linguagem e quisesse deixar-me comovida em vez de exasperada com a traição, teria de chamar a dança ao centro. Dança não é a ausência de palavras, é a palavra para o indizível. A palavra esculpida, fluida, ardente. Dança é o que na terra se assemelha ao inferno e é o que nos homens se assemelha à paixão.
A peça MONTEDEMO - que João Brites concebeu a partir da novela homónima que eu escrevera -, assustadora de tão múltipla e tão bela, foi um escuro bailado na floresta. O Bando tem, aliás, aquele convívio familiar com o perigo e com a carne, com tudo aquilo que, sendo fala, é mais do que ela, é aquele uivo que a fera e o astro ainda compreendem.
Levar ao palco ADOECER comportaria um grande risco se não fosse a dança. Ela liberta o texto de si mesmo, da narrativa necessária e de um devir. Tão baixo é o seu ponto de fulgor que em volta dela tudo esplende e se estilhaça. É provável que nós, os espectadores, não saiamos ilesos da experiência. Porque «isto» é bem capaz de magoar.
Eu muitas vezes adoeço a ver as peças que O Bando leva à cena. Não respiro, não faço a digestão. Muitos daqueles actores são meus amigos e eu vejo-os atirados para o vazio, suspensos por arneses de escalada, mergulhados na água de lagos onde há bichos.  E, se nada daquilo me é dirigido, se não há a vontade de assustar e eles fazem apenas o que tem de ser feito, se eu com eles caio porque tenho de cair, não será hoje que hei-de levantar-me e estender-lhes a mão para os amparar. Porque não se interrompe a plenitude. E eu não tenho medida para o que eles fazem.
Sobre Lizzie e Gabriel digo apenas que hoje parecem muito menos sós.

Isto anda tudo ligado | MIGUEL JESUS
O Miguel, que tanto andou aqui no Bando antes de mim, e que antes mesmo de querer representar com o corpo, já queria ser pintor. A Catarina que esteve para fazer um espectáculo connosco e que voltei a encontrar por ambos termos sido pais há pouco tempo. A Sara com quem este encontro se concretiza finalmente, para lá da azáfama corrente do Vale. O Nuno com os seus gestos e vigor, a Antónia a trazer a sua vida de volta para Lisboa, a Carolina que queria fazer formação no Bando e não sabia como, a Bibi que trouxe um espartilho negro e uma voz lá do além, o Nélson que também por aqui andou e que encontrei nos cósmicos recentes, o Ricardo que conheço ainda do tempo sem teatro, o Paulo cuja energia todos contagiou, e o Rui que esteve quase a embarcar para o México e afinal por cá ficou. E o Guilherme, a Juliana, a Rita, o Raul, a Margarida, que tanto marcaram o nosso imaginário nas suas tão breves aparições e existências. E agora Hélia? Vamos olhar para o mundo e ver acasos? Ou acaso coincidimos e tudo são coincidências?
As conversas com a Raquel e o Neca, com quem já tanto partilhei que não sei quanto de mim e do espectáculo foi criado por eles. O cenário do Rui, a inclinação dos narcisos, os canais das paisagens, a água sempre lentamente em movimento. E a música do Jorge, que ao nosso sangue traz este e o outro tempo. Os Bizarra e uma cumplicidade antiga. O Nélson, o Eurico e o Carlos, que de rompante logo ficaram reféns. A luz do Cachulo a acontecer em tempo real e actuante e a Clara que já há muito que tão bem trabalha o escuro. As mãos e as chávenas que a Nisa descobriu, os corpetes que a Sara fez nascer. E agora Hélia? Tudo está sempre novamente a acontecer?
Quando cada um assume a sua língua e a sua linguagem, a construção do colectivo vive dessa diversidade partilhada, dessa diferença, desse espaço vazio que é a impossibilidade da tradução, desse caos gerador de onde tudo irremediavelmente nasce, onde o fulgor e a inventividade são o motor de dias longos e apaixonados. O que dizer então deste mundo fragmentado, fragmentário, deste mundo ordenado, regrado e bem frequentado, deste mundo tão bem pensante e bem pensado em que os gestos não são já os nossos gestos? Que dizer da comida embalada, da roupa bem lavada, do optimismo e da fama e do sucesso e do futuro delineado? Que dizer desta sociedade espartilhada onde a ausência de doença é uma doença também? Que dizer então de nós que voluntária ou involuntariamente abdicamos, e que tanto a individualidade silenciamos?
Poder-se-á dizer que a imobilidade viva também é, por vezes, transgressão? E que a mudez pode ser insubmissa? E que a doença pode, em certas noites, ser uma greve de saúde? Lizzie é uma revolucionária sem revolução, uma feminista sem feminismo, um ente e um corpo singular. E um corpo que se manifesta é a mais simples forma de Manifestação.
E agora Lizzie? Conseguiremos nós fazer com que as aves estremeçam? Conseguirá essa voz fazer-se ouvir para aqueles que frente a nós se irão sentar? Sairão eles contaminados pelo teu olhar? Por esse olhar que tanto contaminou o Gabriel; e pelos vossos passos a dois que tanto contaminaram a Hélia; e pelas palavras e silêncios com que vocês três tanto a mim me contaminaram; e pelo ânimo da partilha com que nós quatro quisemos contaminar esta equipa; e pelas tantas matérias com que este grupo alargado foi contaminando os actores; e pelos corpos de todos nós que, presentes e ausentes, aqui estamos?
Lizzie, conseguirá essa voz muda, das raízes que roem a tua matéria carnal apodrecida, ainda se fazer ouvir durante estas noites que estaremos em Lisboa e em Palmela? E conseguiremos nós, como ela, como eles, como vós, procurar conjuntamente, aqui e agora, novas formas de beleza? Poderemos nós, entre o sangue, o lodo e a sujidade, procurar momentaneamente silenciar a claridade e a pureza? Talvez, num instante de colectividade, possamos juntos vislumbrar enfim esse mundo sem medida onde os leões, à noite, vão beber aos lagos dos jardins e se deixam enfeitar com colares de magnólias. De magnólias, de narcisos, de lírios amarelos, de flores talvez carnívoras, enormes e imensas.

Aquihojeagorajá | JOÃO NECA
ADOECER é o lugar mais arriscado que o Teatro me mostrou. Nunca como hoje senti tantos artistas na corda bamba, fora da consistência da terra pisada.
ADOECER é o lugar mais perto da trangressão e da vitalidade sanguínea de estar vivo apenas hoje. ADOECER é uma convocação ao inesperado, ao fulgor lancinante do que ferve e do que grita. Aqui, sabemos todos que ninguém sabe. E só aceitam este desafio deslumbrantes criadores, que emocionam ao ver criar. Sabe bem chorar com eles, ser feliz no negrume.
Somos loucos? Ou loucos são os bonecos precavidos de amanhãs?
Estamos doentes? Ou doentes são as mãos brancas, previsíveis, preparadas e ensaiadas mais para o que há-de vir do que para o que acontece aqui e agora?
Obrigado a todos, bem-haja Miguel Jesus por me fazeres companheiro desta viagem ao presente. 

Dramatofonia para ADOECER de Miguel Jesus | JORGE SALGUEIRO
Um trio de cordas. Ambientes eletrónicos gravados. Lizzie, Gabriel e o mundo.
Nas cinco relações, as de proximidade entre Lizzie e Gabriel: tema SWEET LIZZIE, dominado por tons sombrios, caráter cantabile e dolce. Todos diferentes. O tempo dramatúrgico.
Nas três traições: atonalidade, mistérios, silenciosamente ruidosas. Todos iguais. O tempo interior.
Nas cinco relações, o espaço CASA CHATHAM: gravações de ambiente grave de eletrónica. O tempo real.
As quatro visitas: tons solares, música trabalhada a partir da Canção da Primavera de Felix Mendelssohn, composta entre 1842–1844 em Denmark Hill e evocada por Hélia Correia. Todos parecidos. O tempo histórico.
O Casamento-Funeral e o Funeral-Casamento. O temporal atemporal.

Cheiro a rio | CATARINA CÂMARA
ADOECER vem selar um velho desejo de encontro artístico com o Teatro O Bando e cruza-se, ao mesmo tempo, com uma cena pessoal de regresso aos palcos.
"Eu já antes estive aqui, quando foi não sei dizer(..) conheço o doce cheiro do rio a apodrecer",  diz Lizzie, ao pisar Chatham Place.
É nesta confluência violenta entre o prazer e o nojo que sinto o corpo dilatar-se à experiência da criação artística. A doçura e a repugnância, farejando-se com desconfiança, envolvidas num abraço férreo.
Há momentos, porém, (um gesto de menor esforço, a intensidade ousada do esquecimento) em que parece que essa rivalidade amorosa se retrai e um silêncio íntimo e partilhado corre sem pressa,  como as águas de algumas pinturas mágicas que podemos imaginar num movimento certo, simultaneamente livre e contido (como a Hélia tão bem descreve no livro).
São instantes tão reais e compartidos que parecem fruto de uma alucinação colectiva. Momentos em que não precisamos de chamar seres e coisas pelos nomes, em que celebramos o acontecimento e não a arte. Só então parece que  espreitamos os mistérios da criação.
Esta Lizzie de Vale dos Barris aconteceu num Verão de cinzas, de vidas e horizontes ardidos. A terra rapada a contra-gosto como  a cabeça de uma condenada. Dizem que os cabelos de Lizzie  continuaram a crescer, cintilantes e macios, mesmo depois da sua morte.
Quem sabe se as frondosas madeixas de Miss Siddal não se compadeceram da nossa tristíssima calvície e entretanto espraiam como raízes por debaixo da terra, desde o cemitério de Highgate, em Londres, até Portugal? 
Talvez em breve possamos ver despontar aos nossos pés umas pequenas árvores ruivas, de frondagem irreverente e tronco esguio. Incorruptíveis. Talvez...

Afectos | MIGUEL MOREIRA
Há muitos lugares improváveis no mundo e este lugar misterioso em Vale dos Barris, onde O Bando trabalha desde o final dos anos noventa, é um deles. Lugar que desafia o nosso corpo e que nos faz partir numa viagem emocional pelo mundo da arte.
No Bando aprendi o lugar da liberdade, da militância, sítio onde, olhos nos olhos, podes defender aquilo em que acreditas. Tenho memórias muito fortes (sempre) de zonas de transgressão que construí para mim próprio como artista, como ser humano. Aqui não me sinto apenas ator, sinto-me uma pessoa em transgressão.
O Miguel ligou-me para entrar nesta zona de desconforto, outra vez, a partir de um texto de exceção da Hélia Correia – ADOECER – que eu muito vezes chamo "Anoitecer”. Um erro que me ocorre. E eu corri, antes de dizer que me sinto muito honrado por poder voltar a pisar este lugar da incompreensão. Vim para me tornar num pintor que tanto ambicionei ser antes deste desconforto em ser ator do corpo.
Nestes dias transporto  memórias das nossas discussões de dias no início desta viagem com o João, a Natércia, o Horácio sempre tão perto, o Raul, a Fatinha, a Bibi, o Jorge, a Ana, a Paula, o Nico, a Carla, o Francisco, a Lai Lai, a Clara, o Eduardo, o Tino; e transportarei as novas discussões com os novos, o Miguel, o Neca, a Raquel, a Sara, o João, a Catarina, a Nisa, a Sara, a Juliana, o Gui, a Rita, a Margarida, a Lucia, a Paula e todos os novos e velhos que fazem deste lugar, o lugar singular que tanto o João sonhou.

A Hélia sou eu? |  SARA DE CASTRO
Será que quando a Hélia se "apaixonou" pela Lizzie, sabia que iriam ficar juntas para sempre? Que se fundiriam de tal forma que os limites entre uma e outra se tornariam ténues? A verdade é que Hélia nos fala da Lizzie como quem fala de si própria, com um conhecimento por dentro. E agora eu tenho a ambição de que me aconteça o mesmo. Quero falar da Hélia como se falasse de mim.
Quero esquecer-me de quem ela é de facto. Isso agora já não interessa. Que Hélia é esta que se encontrou comigo e que comigo permanecerá?

A Paixão de Lizzie e Dante | JAIME ROCHA
Nada há de mais sublime do que a paixão. Nada de mais criativo e devastador do que dois corpos dentro do lume.
A luz que ilumina a paixão é a própria vítima da sombra que cria. O homem e a mulher sabem construir um universo artístico, literário, um fio de sedução para os dias, mas não dominam o edifício em que germina a paixão, a sua derrocada.
Lizzie Siddal e Dante Gabriel Rossetti são o núcleo mítico do movimento pré-rafaelita inglês da segunda metade do século XIX. Eles são o centro de gravidade de um grupo heterogéneo de pintores, poetas, ensaístas: William Morris, John Ruskin, Edward Burne-Jones, Swinburne, Ford Madox Brown, William Hunt e John Everett Millais, o pintor que nos deixou esse quadro icónico intitulado "Ophelia” (1852) que está na origem da construção do ADOECER da escritora Hélia Correia e cujo modelo é precisamente Elizabeth Eleanor Siddal/Lizzie. Da Ofélia de Shakespeare, ela transitará para a incorporação da Beatriz de Dante Alighieri pela mão enfeitiçada e inquieta de Gabriel.
O rasto que deixaram, a obra que lhes sobrevive, o exemplo perturbador que deram em vida com a sua relação amorosa quase irracional, a marca lancinante que imprimiram aos seus dias de vida são reconstruídos no ADOECER da Hélia e na sua extensão ao palco do Bando, palco que anteriormente levou à cena MONTEDEMO, da mesma autora.
Os pré-rafaelitas agradecem.

Retorno |  RAQUEL BELCHIOR
das páginas de hélia quisemos criar um lugar de cura. iniciámos um movimento, reclusos nas palavras perfeitas, nas fissuras de um pensamento limpo e intemporal. cada gesto um acto de exílio e de amor.
o cheiro intenso a tintas e óleos foi invadindo as paredes. em breve, uma casa que se erguia, esperando ansiosamente o seu fim. uma casa que receou que o desajuste do mundo impossibilitasse a sua revolta e a sua beleza.
inclinámos a cabeça para o fogo e estremecemos. uma voz gutural sussurrou fantasmas... outrora um actor que foi pintor, outrora uma bailarina na procura do seu traço, outrora uma mulher cuja voz se tornou rio, cidade e uma infinidade de caminhos. a casa rodeou-se de lodo, o que nos atraiu, tornando-se o chão da nossa dança. as linhas de prata coseram camadas e camadas de silêncios, mas o grito estava iminente.
algo soou bem longe, fazendo-nos acreditar que era a hora de partir. sujámos os pés. não há como não sujar os pés quando queremos passar para outro lugar. o mundo uniu-nos até aqui, acreditando que a revolução tem na sua génese uma folha imóvel e um gesto proibido.
hoje olhamos para vós na descoberta do nosso reflexo. já aqui estivemos, é certo, e o outono é uma outra história que virá em breve. obrigada, hélia.


BIOGRAFIAS

HÉLIA CORREIA
Escritora portuguesa contemporânea (1949), licenciou-se em Filologia Românica e é professora de Português do Ensino Secundário. Apesar do seu gosto pela poesia, é como ficcionista que é reconhecida como uma das revelações da novelística portuguesa da geração de 1980, embora os seus contos, novelas ou romances estejam sempre impregnados do discurso poético.
Estreou-se na poesia com O Separar das Águas, em 1981, e O Número dos Vivos, em 1982.
A novela Montedemo, encenada pelo grupo O Bando, dá à autora uma certa notoriedade. Aliás, Hélia Correia revelou, desde cedo, o gosto pelo teatro e pela Grécia clássica, o que a levou a representar em Édipo Rei e a escrever Perdição, levadas à cena, em 1993, pela Comuna. Escreveu também Florbela, em 1991, que viria a ser encenada pelo grupo Maizum. Destacam-se ainda na sua produção os romances Casa Eterna e Soma e, na poesia, A Pequena Morte/Esse Eterno Conto. Recebeu em 2002 o prémio PEN 2001, atribuído a obras de ficção, pela sua obra Lillias Fraser. Venceu o prémio literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa com o livro de poesia A Terceira Miséria. Foi galardoada com o Prémio Camões, em 2015 e com o Prémio Escritora Galega Universal 2017, atribuída pela Associação de Escritoras e Escritores em Língua Galega (AELG).

MIGUEL JESUS
Nasceu em 1984 e é licenciado em Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa. É membro da direção artística do Teatro O Bando onde trabalha como
dramaturgista, escritor, encenador e coordenador de produção. Paralelamente dirigiu os
concertos encenados "Março Grita Maio”, da Big Band Loureiros, "Da Cor da Água” e "A Vida
de um Vinho”, com composição de Jorge Salgueiro e a ópera infantil "Ver e Ler”, com libreto de Gonçalo M. Tavares. No Teatro O Bando: desde 2007 foi assistente de encenação em diversos espectáculos de João Brites; em 2013 co-encenou com João Brites "Olhos de Gigante”, estreado no TNDM II a partir de Almada Negreiros; em 2014 fez a dramaturgia e encenação do espetáculo "Carne” do grupo amador Teatro dos Barris, a partir de contos de José Eduardo Agualusa e escreveu o texto e co-encenou "Quarentena”, o espetáculo comemorativo dos 40 anos do Bando; em 2015 concebeu a dramaturgia e encenou o espetáculo "Em Nome da Terra”, a partir de Vergílio Ferreira; sob a égide de António Maria Lisboa, em 2016 escreveu e co-encenou com João Neca o espetáculo comunitário "Do Fim”; e em 2017 foi co-criador, actor e músico no espectáculo "Isto Não É a Europa” uma co-produção internacional com o Collectif Le Nomade Village. Em 2010 fundou a GALATEIA – edição e produção cultural, onde publicou os livros de poemas "Primeira Estrada” e "Quarentena” e a peça "Inês Morre” (2011), que deu origem a: "Pedro e Inês”, espectáculo com encenação de Anatoly Praudin apresentado por todo o país e com uma temporada no CCB; e à miniópera homónima apresentada no TNSC com encenação de Luís Miguel Cintra. Participou na concepção e gestão da série "Histórias de Mar”, apresentada na RTP 2, escreveu para diversas publicações e realizou várias leituras musicadas dos seus poemas.