// SENHOR IMAGINÁRIO

Espectáculo
 

"Toda a loja se punha a fermentar de abortos, de aleijões, de criaturas disformes como Deus as teria feito se estivesse bêbedo quando fez os seus modelos. [...] Pode dizer-se que a arte do Imaginário o cobria todo. Interposta entre ele e a nação, era através dessa arte que se realizava em harmonia a religião, a política, o riso, a ternura, os sonhos privados e os sonhos colectivos.”

 

 
1 e 2 | 8 e 9 de Fevereiro
Teatro O Bando
Vale dos Barris | Palmela
Sábados às 21h e Domingos às 17h

Partindo da criação, AUTO DA PURIFICAÇÃO, estreada em 2012, o monólogo SENHOR IMAGINÁRIO pretende reinventar o universo dos contos de Vergílio Ferreira através da personagem Jeremias, apresentada pelo actor Guilherme Noronha.

Interposto entre a sua arte e a nação, um Oleiro está à escuta das vozes caladas, dessas diminutas vozes que surgem entre classes desfavorecidas e classes trabalhadoras. Jeremias, que também é coveiro nas horas mais escuras, sorri sempre, enquanto interpela uma nação inteira, uma aldeia no cabo do mundo. Nascido dos contos de Vergílio Ferreira, este SENHOR IMAGINÁRIO viaja com a loja às costas, transportando a dúvida sobre o local onde deverá construir-se a fonte da aldeia e carregando a certeza sobre a grande razão que está por trás da sede de todas as nações. Afinal, todos sabemos que se não dermos mais voz às minorias, seguiremos sempre o mesmo rumo. Mas ainda assim hesitamos em gritar, mesmo quando o que está em causa é a defesa da soberania de um país emancipado.

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Ficha artística

monólogo desenvolvido a partir de AUTO DA PURIFICAÇÃO

baseado em contos de VERGÍLIO FERREIRA

encenação SARA DE CASTRO e JOÃO BRITES cenografia JOÃO BRITES música JORGE SALGUEIRO oralidade TERESA LIMA figurinos CLARA BENTO desenho de luz JOÃO CÁCERES ALVES e DAVID PALMA

com GUILHERME NORONHA criação TEATRO O BANDO

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Biografias

Vergílio Ferreira

Nasceu em Melo, na Serra da Estrela, em 1916, e faleceu em Lisboa, oitenta anos depois. Frequentou o Seminário do Fundão e licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A par do trabalho de escrita, foi professor de Português e de Latim em várias escolas do país. Inicialmente neo-realista, depressa Vergílio Ferreira se deixou influenciar pelos existencialistas franceses, como Malraux e Sartre, iniciando um caminho próprio a partir do romance Mudança, de 1949. É considerado um dos mais importantes romancistas portugueses do século XX, tendo ganho vários prémios, entre eles o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (ganho duas vezes, primeiro com o romance Até ao Fim e depois com o romance Na tua Face), e o Prémio Femina na França com o romance Manhã Submersa.


Sara de Castro

Nasce em Lisboa, em 1975. É actriz profissional desde 1998. Formada na Escola Superior de Teatro e Cinema, tem trabalhado principalmente em teatro com diversos criadores e encenadores. Inicia-se como actriz no teatro performático de corrente alternativa no espaço do Ginjal e na companhia de teatro Útero. Participa em várias produções cinematográficas e televisivas como actriz. Faz parte da equipa permanente do Teatro O Bando, tendo participado em vários espectáculos deste grupo desde 2001, contando-se entre os mais recentes: GENTE FELIZ COM LÁGRIMAS, ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, AINDA NÃO É O FIM, CABEÇA DE PREGOS e AUTO DA PURIFICAÇÃO. Para além do trabalho como actriz, exerce funções de direcção e coordenação geral da equipa. Coordena a edição do livro AFECTOS E REFLEXOS DE UM TRAJECTO no 35º aniversário do grupo. Faz parte da equipa de formação do Teatro O Bando nas OFICINAS CONSCIÊNCIA DO ACTOR EM CENA, nas acções CONFRARIA DO TEATRO e no trabalho com o Grupo de Expressão Dramática do Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico. Em 2010 encena o seu primeiro espectáculo, RUA DE DENTRO, com texto de Ana Vicente.


João Brites

Artista plástico, cenógrafo, encenador e dramaturgista, é fundador e Director do Teatro bando e lecciona na Escola Superior de Teatro e Cinema. Em Bruxelas frequentou os cursos de Pintura e de Gravura na ENSAAV – La Cambre. No âmbito das artes plásticas realizou diversas exposições individuais e colectivas. É autor de inúmeros artigos sobre teatro e sobre o processo de criação no bando e de algumas comunicações feitas em congressos da especialidade. Orienta estágios e cursos de formação no domínio do teatro. Encenou espectáculos e eventos no âmbito da Europália e da Lisboa94 e dirigiu a Unidade de Espectáculos da Expo98. Em 1999 recebeu o grau de Comendador da Ordem do Mérito, em 2008 ganhou o Prémio Anual da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro com o espectáculo SAGA, em 2010 a sua encenação QUIXOTE recebeu o prémio SPA de Melhor Espectáculo do ano e em 2011 foi o comissário da Representação Oficial Portuguesa na Quadrienal de Praga.


Guilherme Noronha

Nasce a 10 de Novembro de 1978, em Lisboa. Em 1998 termina o curso de Interpretação da Escola Profissional de Teatro de Cascais, em 2001 o Bacharelato do curso de Formação de Actores do Departamento de Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema e em 2007 a Licenciatura em Formação de Actores e Encenadores no mesmo estabelecimento. Estreou-se com o T.E.C. (Carlos Avilez) em 1998, tendo depois trabalhado com companhias como Teatromosca, Cassefaz, Teatro dos Aloés, C.P.A. (CCB) e em produções independentes de Eduardo Alves, Filipe Crawford, José Peixoto, Madalena  Victorino, Mestre Eugénio Roque, Guilherme Filipe, Jean Paul Bucchieri, João Craveiro e Luca Aprea, entre outros. Participou em vários filmes e séries de ficção televisivas. Trabalhou com maior relevo a técnica da Máscara com Mário Gonzales, Nuno Pino Custódio, Filipe Crawford e António Fava. É vice-presidente do Clube Duelo (Esgrima Artística) e foi Secretário-Geral e Director de Cena do 4.º Campeonato do mundo de Esgrima artística de 2012, em Cascais. Trabalhou como formador independente de iniciação ao teatro em várias escolas como professor no projecto da Ala G do Instituto Prisional de Lisboa. É cooperante do Teatro O Bando e faz parte da equipa permanente desde 2008, tendo participado em vários espectáculos do grupo, já desde 2001. Para além do trabalho como actor, é responsável pela coordenação técnica da companhia e faz parte da equipa de formação das OFICINAS CONSCIÊNCIA DO ACTOR EM CENA, das acções CONFRARIA DO TEATRO e da formação desenvolvida no âmbito da parceria com o Grupo de Expressão Dramática do Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico.