// Estilhaços (1989)


Estreia | 18 de Abril no Teatro Experimental do Porto
Texto | "O Sentido da epopeia", original de Mário Carvalho

Versão cénica, encenação e cenografia | João Brites
Música | António Sousa Dias

Com | A. Relvas, Márcia Antunes Breia, Maria Emília Correia e Pompeu José
Noémia e Mariana decidem retirar-se de Lisboa durante uma semana no intuito de porem o seu trabalho em dia e consolidarem uma amizade. Mas a lembrança de um a migo comum (Vergílio, que participara na guerra colonial) remete o diálogo para os tempos da sua adolescência – os míticos anos 60: "querelas” familiares, necessidades de emancipação, discursos sobre sexualidade, a procura de novos modos de estar, a contestação do Estado Novo, cujo foco de tensão se transfere da Metrópole para as Colónias. Mas ESTILHAÇOS não é, de forma alguma, uma visão nostálgica de uma época ainda não exumada. É um pretexto para se falar de todos nós hoje: o isolamento; os grandes gestos de solidariedade que escondem solidões individuais; as opções tomadas cujas consequências não podem pressagiar-se. Talvez, ironicamente, algum Estilhaço desagregue os muros que nos sitiam – pais e filhos, professores e alunos, pessoas...

(sinopse do espectáculo)


Mariana: Está muito bem, estou de acordo, Vergílio... só há aqui um pormenor 
de que eu discordo... é isto dos "valentes”. Estás a ver? As pessoas vão achar estranho.
Vergílio: Então e não é verdade que os estudantes têm sido valentes a afrontar o governo. É preciso coragem, ou não?
Mariana: Pois, mas é o termo, estás a perceber? O vocábulo...
Vergílio: E o que é que tem, o vocábulo?
Mariana: Soa assim um bocado a... enfatuado. Ou então, ao contrário, se quiseres, a popularucho. Não sei, não sei dizer bem...